segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

DOUTOR KANASHIRO

A família Kanashiro da colônia nipônica de Pres.Venceslau, é uma das mais tradicionais. O falecimento do dr. Joaquim Seijei Kanashiro, neste início de ano, trouxe consternação geral. Os mais antigos lembram do chefe do clã, o velho Kanashiro que tinha um açougue na confluência da Tenente Osvaldo Barbosa com a avenida João Pessoa.
Na lembrança também a Dona Maria, que juntamente com ele, servia aos seus clientes, entre os quais se incluía a minha família. Quantas vezes, o apressado açougueiro, com voz grave e incompreensível, perguntava – qual a carne ? – e a cortava rapidamente, jogando na balança de gancho e como em um passe de mágica,passava em um papel branco e a embrulhava com um velho jornal.
Gritava o peso e dona Maria marcava na velha cadernetinha, que a gente trazia suada e amarrotada de casa, com recomendações expressas para não perde-la. Foi assim que o velho pai custeou os estudos de Medicina do seu filho. Entre uma traquinagem e outra, ouvíamos comentário de que “o filho do Kanashiro está para se formar e virá para Pres. Venceslau”.
E, assim, foi feito. Joaquim Kanashiro, jovem e simpático, vestido de branco, chegou a Presidente Venceslau. Radiante, expansivo, sempre com um sorriso, nem parecia um médico. Começou a trabalhar e rapidamente conquistou sua clientela e um lugar permanente dentro da sociedade local.
Casou nas tradições nipônicas, teve filhos e nunca saiu de Pres. Venceslau. Participação comunitária em favor dos menos favorecidos. Teve vida pública como diretor da divisão de saúde, sempre procurando a conciliação e a união.
Uma vida dentro dos padrões morais, éticos, sem qualquer mácula. Um exemplo para os mais jovens e um orgulho para os seus amigos, entre os quais creio poder ser incluído. Parte aos 70 anos, deixando na mente daqueles que foram beneficiados pelos seus conhecimentos, uma imagem de alegria, boa vontade e companheirismo. Não era só um médico. Era um amigo. Sempre pronto e com o sorriso do qual não esqueceremos jamais.

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