Cantada em verso e prosa como uma das maiores regiões produtoras de gado de corte, o Pontal do Paranapanema vê reduzida a capacidade produtiva. As invasões de terra geraram a primeira instabilidade social. Os investimentos feitos e que eram destruídos a golpes de machados, foices e facões desapareceram. As invasões que eram ignoradas pelo ex-governador Montoro, que teve em Covas um fiel seguidor, foram o primeiro passo para desestabilizar a produção.
Reforma agrária não se faz com invasões, destruições, conflitos sociais, capitaneadas por lideranças que procuram se aproveitar da vontade de quem quer ter um pedaço de terra. Reforma agrária se faz com compras de terra, com planejamento agrícola, com seleção de quem é da roça, com apoio de infra-estrutura para os que foram contemplados com um pedaço de terra não fiquem jogados e abandonados no meio do mato.
Infelizmente foi isto que aconteceu na região, que tem o maior número de hectares destinados a tal fim e vê os “assentados” em condições sub-humanas, repetindo os “pioneiros”, cujos herdeiros ou compradores de suas terras são chamados de “grileiros” por uma intelectualidade que só sabe o que é um produto agrícola quando experimenta o seu sabor no prato de comida. Nunca produziram qualquer tipo de alimento para matar a própria fome.
Com o boi a receita é a mesma. Quem tem boi é rico. É fazendeiro, é poderoso. É usurpador. É aproveitador. Enfim, é tudo de ruim... segundo boa parte da intelectualidade instalada nas universidades mantidas pelo dinheiro público.
De acordo com meu amigo Gaspar, especialista em comercializar gado magro e gordo, em 2003, com uma arroba de boi se comprava 49 litros de óleo diesel. Hoje, mesmo com o boi a 70 reais, que os frigoríficos estão querendo baixar o preço, se compram 31,6 litros. Há uma defasagem enorme. O diesel é usado pelas máquinas agrícolas. Em 2003, quando a arroba chegou a 63 reais, o preço caiu em 2008 para 48 reais. Daí, muita gente foi para a cana, sem alternativa.
Ao contrário da indústria o pecuarista não determina o preço do seu produto. Fica à mercê dos frigoríficos que utilizam toda sorte de artimanhas para comprar por menos. Sem contar os mistérios que uma balança frigorífica esconde e que nunca ninguém conseguiu desvendar.
O Brasil é o maior exportador de carnes do mundo. Manda para o exterior 25% do que produz. O restante é consumido no mercado nacional. Os brasileiros devem ficar atentos. Os preços vão subir. O abate de matrizes sem nenhum controle vai forçar a alta. Aquele saboroso e gostoso churrasquinho de final de semana pode ficar ameaçado.
Clóvis Moré
Jornalista Profissional
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
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