Volta a ser manchete de jornal. Mutirantes do Conjunto Habitacional Watanabe, com razão, “estão revoltados”. Há tempos atrás, este jornal fez eco à reclamação das mulheres que trabalhavam como “peões” na obra. Fizemos comentários a respeito, que foram ignorados pelas autoridades. Ninguém se pronunciou. Amassavam barro para fazer a argamassa e carregavam pesados baldes, como serventes para os pedreiros. Ninguém se condoeu. Estivemos no local e notamos que as pessoas tinham medo de falar. Temiam perseguições e de perder suas “casinhas”.
Estourou o escândalo das propinas e o Watanabe estava entre os conjuntos envolvidos. Com um agravante. Denúncia de funcionária da empreiteira que depois, inexplicavelmente, se desmentiu. Ela havia afirmado “que uma pessoa se passando por agente político de Presidente Venceslau esteve na empresa e recebeu R$ 30 mil”. O atual prefeito se justificou, dizendo que não era ele, mas, até agora não deu mais satisfações. Parece ter esquecido do ocorrido.
O grupo que esteve na Prefeitura, entregando abaixo assinado reclama “da espera pela liberação das casas, do abandono da obra”. Os imóveis têm sofrido com a deterioração pelo tempo, de vandalismo e até de furto de material”. Os mutirantes enfatizaram que “as obras foram suspensas quando a maior parte das casas estavam em fase de acabamento”. É comovente a declaração de uma senhora - “ficamos dois meses aqui plantados como coqueiro, cumprindo o dia de serviço na obra, sem que tivesse material. Esses dias perdidos ninguém informa como serão ressarcidos. Moro de aluguel, fiquei com problemas de saúde e agora estou desempregada. Gostaria que houvesse uma solução mais rápida para o problema”.
Será que tais declarações não sensibilizam o governador, o secretário de habitação, a diretoria da CDHU, o prefeito municipal, os vereadores, a Justiça? O governador José Serra diz que seu governo “é serio e transparente”. Deveria mandar a secretaria de Habitação e a CDHU resolverem o problema. Ao prefeito e vereadores, independente da cor partidária, cabe uma união para cobrar soluções urgentes. Casos de tal natureza dependem de ação política, de trabalho junto aos órgãos competentes, sobre tudo de vontade. Há de se gestionar incansavelmente para que estas pessoas não fiquem sendo prejudicadas. À justiça, deve haver mais agilidade para que os caminhos legais possam ser percorridos. Toda região sabe que “é um caso de polícia”, envolvendo políticos, dono de empreiteira e favorecimentos com propina como o caso dos 30 mil, que teriam sido dados a um agente político local. Além do assalto ao dinheiro do povo, existe este descalabro, com o abandono das obras, sem que exista alguém do poder público para guardar o patrimônio físico tão duramente edificado pelos mutirantes.
Esperamos providências, na expectativa de que elas sejam urgentes. Quem trabalha e derrama o suor do seu rosto não pode ser ignorado e ter os seus direitos postergados.
Clovis More
Jornalista Profissional
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário