quarta-feira, 23 de julho de 2008

“ME ENGANA QUE EU GOSTO !”

Alguns podem estranhar os últimos títulos de nossos artigos. No domingo passado - “quem te viu, quem te vê”- fazendo alusão a acordos políticos antes impensáveis na política local. Unindo em coligação a “direita conservadora, reacionária, e a esquerda festiva”. Um espetáculo digno de protagonistas intitulados de “oportunistas de plantão” por um eminente político local.
Este espetáculo está apenas começando. Estamos assistindo aos primeiros capítulos. Fica claro, a qualquer observador o que virá daqui pra frente. É de se prever um deslumbramento entre os novos companheiros políticos. Troca de elogios, de reminiscências e de tudo que é possível ser verbalizado para justificar os acordos.
O que era defeito vai virar virtude. O errado será certo. O negativo, positivo. A virtuose das novas companhias terá adjetivos qualificativos de estirpe a colocar em destaque, o que antes era motivo de desprezo e desqualificação. Vai ser divertido ver juntos em campanha quem antes tanto se criticavam.
Uma novela com roteiro definido e cujos capítulos serão desenrolados para mais uma vez tentar iludir aos telespectadores. Alguém fará o papel de mocinho, de vítima, de perseguido, de injustiçado. Uma representação em que atores desgastados pelas críticas de campanhas passadas, terão que desempenhar papéis difíceis de serem protagonizados.
Tal espetáculo vai demandar muito esforço para esconder certo desconforto, devido aos novos figurantes. Um roteiro difícil de ser cumprido, mas que os atores, auto-suficientes na arte de representar, certamente acreditam que vão conseguir platéia suficiente.
Dizem que “o vinho quanto mais velho é melhor de ser tomado”.
Há de se supor que este ditado esteja na idéia de alguns dos protagonistas. Apesar de que há entre eles alguém que para fazer jogo de cena, diz “detestar figuras do passado”. Agora, a elas se junta. Será que por conveniência?
Daí o nosso título. Um jargão popular. “Me engana que eu gosto”. Está evidente e todos sabem que ninguém gosta de ser enganado. Pode até fingir que aceita, para sentir até onde vai a desfaçatez e a mentira que está sendo pregada naquele momento.
Estamos passando por uma época de profundas transformações na sociedade brasileira. A celeridade das comunicações, a força da imprensa, a troca de idéias, fazem com que os fatos se transformem em notícias que ganham as ruas com rapidez.
Dizem que o povo tem memória curta. Não é bem assim. O povo tem a sabedoria de distinguir aquilo que não condiz com a realidade. As atitudes políticas são observadas com espírito crítico pela população. Todos sabem que o futuro de cada um depende da atitude destes que buscam o voto popular.
O julgamento político através do voto popular passa obrigatoriamente pelas atitudes e posicionamentos adotados anteriormente. O povo não gosta de fingimento. De traições. De barganhas políticas. Em dado momento, na pré-campanha pode até ignorar certas atitudes. Mas, na hora da verdade, do voto, tudo é analisado. Afinal, o voto é a única arma para afastar os mistificadores e aproveitadores.
Clóvis Moré
Jornalista Profissional

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