sábado, 21 de junho de 2008

CAIUÁ E OS PREFEITOS

Longe de interesses políticos partidários, este artigo procura estabelecer relações do presente com o passado, relacionados à política de Caiuá. Pelo exercício da profissão, tivemos contatos com todos os prefeitos do município. A exceção é o atual mandato iniciado com a eleição de Paulinho Boi. O mais tumultuado de todos. Um troca- troca no poder que leva ao poder público uma transição praticamente inédita.
Foram vários os ocupantes do Paço Municipal, desde quando Paulinho foi tirado do poder, sucedido pelo seu vice, retornando, sendo novamente desalojado cedendo o posto ao vice e este por ultimo ao Presidente da Câmara Municipal. Uma sucessão de trocas e mudanças no rumo da administração que confunde a qualquer cidadão. Não nos cabe o mérito de analisar quem está com a razão. Problema dos vereadores, com soluções da Justiça.
O certo é que Paulinho Boi voltou ao poder. Neto de José Pinto Lima, o primeiro prefeito de Caiuá, e uma das figuras mais folclóricas da política regional. Jeitão despachado, caboclão nordestino, arrulhento, barulhento, “Zé Pinto” marcou o início da história do município vizinho, com atos e atitudes que enriqueceram o folclore político regional. Muito ativo, conversador, risonho, alegre, extrovertido, onde ia já logo puxava uma conversa e reunia ao seu redor muitas pessoas. Não tinha tristeza. Dono da Fazenda Jaguatirica, era o típico fazendeiro, dono de muito gado.
Foi o primeiro prefeito de Caiuá. Honesto, gastou boa parte do que tinha com os pobres do município. Certa vez, embarcou um “bode” que viajava nos trens da Sorocabana e que fazia a linha entre Prudente a Epitácio a procura de cabritas. Zé Pinto dizia que as “de Caiuá ele não vai enxertar” e embarcou o bode para Venceslau. No outro dia, lá estava o bode em Caiuá, com as risadas de todos, inclusive do prefeito Zé Pinto. Era um daqueles tipos que nunca nos esquecemos, passe o tempo que passar.
Na sucessão política veio o pai do Paulinho. Francisco Franciné de Souza. Outra figura folclórica da política caiuaense e regional. Tinha medo de microfone. Gostava de falar, mas em rodinhas de correligionários e colegas prefeitos e vereadores. Nunca dava entrevistas e não escondia de ninguém sobre seu medo de microfone.
Um político humilde, amigo dos pobres, amante de sua terra como ninguém que, entre um mandato e outro era funcionário da Caixa Econômica Federal, com o cargo de gerente, ocupado nas cidades da região. Sua esposa, mãe de Paulinho, a Joana Pinto, professora, fez um trabalho devotado ao Centro Comunitário construído pelo Gigio Castelano, quando foi secretário da promoção social do estado de São Paulo.
Esta a família do Paulinho, que conheci desde pequeno. Mais velho soube do seu apelido de “Paulinho Boi”. Talvez por gostar de “picaretear” gado.
Ontem o Paulinho voltou ao poder em Caiuá. Lembrou do seu pai. Da sua família e do sofrimento que teve no tempo que esteve afastado. Disse que nunca mais voltará a disputar cargos públicos. Quer paz, para si e para o seu município. Contou com o apoio do então prefeito Magnelson, que abriu as portas da Prefeitura para sua reentrada. Uma atitude elogiosa e digna, se lembrarmos que das outras posses foi necessário a polícia agir.
Vamos esperar que o Paulinho conclua o seu mandato e que possa provar à frente do executivo do município que foi governado pelo seu avô e pelo seu pai, que herdou deles a vontade e o amor por Caiuá.
Que o próximo prefeito de Caiuá possa governar em paz e sem os percalços de agora, pois no final, quem mais sofre é o povo.
Clóvis Moré
Jornalista Profissional

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